Completando 300 anos, o município de Oeiras e o povo oeirense foram homenageados na manhã desta terça-feira, 29, na Câmara dos Deputados, em Brasília. Solicitada pelo deputado federal Assis Carvalho, a sessão solene aconteceu no Plenário Ulysses Guimarães e reuniu diversas personalidades políticas, entre elas: o governador Wellington Dias, o prefeito de Oeiras, José Raimundo; os senadores Ciro Nogueira e Regina Sousa; os deputados federais Mainha, Silas Freire e Marcelo Castro; deputados estaduais Bessah e Mauro Tapety; e o secretário da Cultura do Piauí, Fábio Novo.
A sessão solene foi um espaço de visibilidade nacional para reverência à história e à cultura da primeira capital do Estado e cidade mais antiga do Piauí. Além disso, o evento divulgou a participação de Oeiras na luta pela Independência do Brasil. A velha capital teve participação decisiva, com a adesão à emancipação em 24 de janeiro de 1823, desafiando a Coroa Portuguesa que havia destacado para a Província do Piauí o experiente Major João José da Cunha Fidié a fim de garantir a fidelidade do norte brasileiro a Portugal.
O governador Wellington Dias lembrou da importância histórica e da cidade e de seu papel enquanto importante palco da autonomia política estadual e nacional. “Quando a gente lembra a história do Brasil, quais as cidades mais antigas, lembramos de Salvador, Olinda, Rio de Janeiro, São Luís do Maranhão. Oeiras há 300 anos já tinha ocupação, e recebeu a condição de cidade, uma das mais antiga do Brasil. Foi ali onde se consolidou a independência do Brasil, a independência do norte do Brasil. Ali quando se derrotou o Major Fidié para que o grito de Dom Pedro Primeiro pudesse segurar essa parte do Brasil, aqui do Ceará, Piauí, Maranhão e a região da Amazônia”, rememorou o governador.
O prefeito José Raimundo destacou as ações programadas pela Prefeitura Municipal e Governo do Estado para celebrar o tricentenário de Oeiras ao logo de todo o ano de 2017. “Para esse ano comemorativo, pensamos em promover ações em parceria com o Governo do Estado do Piauí e juntamente com o governador, criamos através das secretarias de cultura do estado e do município, um vasto calendário de eventos culturais que está acontecendo desde janeiro”, discursou o prefeito.
“Quero aqui dizer a todos os presentes que, o que comemoramos mesmo ao logo desse ano, é o que Oeiras tem de melhor: O seu povo! A sua gente! Quem vive e convive com a cidade no seu cotidiano. Quem produz na zona rural com todas as adversidades, quem está nas escolas educando nossas crianças e conseguiram elevar o IDEB da nossa rede municipal, ficando abaixo somente da capital Teresina. Nossos artistas e historiadores que contam e recontam essa história secular tornando-a viva”, acrescentou José Raimundo.
A sessão foi encerrada com a participação do grupo Bandolins Mirins de Oeiras, que entoou o hino da cidade e outras canções marcantes do cancioneiro nacional.
Confira na íntegra o pronunciamento do prefeito José Raimundo:
- Senhoras e senhores, bom dia!
Na condição de prefeito municipal de Oeiras, em nome de seu povo, quero primeiramente agradecer a Câmara dos Deputados, em nome do deputado Assis Carvalho, a homenagem prestada com essa sessão solene em comemoração aos trezentos anos de nossa amada terra, Oeiras.
A vila originou-se a partir da Fazenda Cabrobó, propriedade de Domingos Afonso Sertão, o Mafrense, às margens do Riacho da Mocha. Tal como a maioria das vilas do sertão brasileiro, nasceu e cresceu em função das fazendas de gado implantadas desde o período colonial, durante a ocupação do território. Foi esta a mais importante fazenda de gado, elevada à condição de vila (Vila da Mocha), instalada apenas em 1717, quando o governador do Maranhão para lá enviou 300 degredados e muitas famílias para formar a nova povoação e promover desenvolvimento.
Assim foi se contando a nossa história, construída a luz da presença da Igreja católica nos sertões de dentro, o que nos legou uma religiosidade marcante até hoje, nos tornando conhecidos como um destino dos mais religiosos do Brasil.
Mas ao logo do tempo, fomos construindo também uma rica cultura perpassada pela influência europeia e também pela influência africana, expressa de forma sertaneja, na arquitetura, nas manifestações imateriais como a música, danças e a gastronomia. Oeiras é um grande celeiro cultural e histórico que conta e reconta a própria história do estado do Piauí.
Entretanto, este ano em que se celebra os seus trezentos anos de emancipação política, é importante também sairmos da comemoração desprovida de uma reflexão. É preciso pensarmos Oeiras também no futuro, a partir de tudo o que construímos no seu passado.
Para esse ano comemorativo, pensamos em promover ações em parceria com o Governo do Estado do Piauí e juntamente com o governador, criamos através das secretarias de cultura do estado e do município, um vasto calendário de eventos culturais que está acontecendo desde janeiro.
Além disso, a prefeitura de Oeiras está realizando esse ano, ações de reorganização da cidade, no que se refere à paisagem urbana, com a entrega de mercados públicos, pavimentação de ruas, revitalização de praças e logradouros, finalização do plano diretor da cidade, bem como a municipalização do trânsito. Essas são algumas realizações importantes que estamos promovendo, algumas delas com muito debate com a sociedade civil, imprensa e opinião pública. Isto por que são ações que só serão compreendidas a logo prazo. São ações que visam o desenvolvimento local sustentável. Isso é repensar a cidade, resignificá-la para o amanhã.
Por isso mesmo, ao criarmos uma marca para o ano comemorativo, utilizamos um verso do hino de Oeiras, de autoria do grande médico e escritor oeirense José Expedito Rêgo, que diz: “Também no futuro nós cremos Oeiras”.
É preciso também agradecermos a tantos homens e mulheres que escreveram essa história ao logo dos anos, no campo da educação, de onde nos orgulhamos de ver tantos oeirenses espalhados pelo mundo nas mais diversas áreas de atuação. Na literatura, visto que somos terra de poetas e romancistas da envergadura do saudoso O.G Rêgo de Carvalho; na música, onde somos reconhecidos nacionalmente pela tradição dos bandolins, tradição essa que é repassada de geração a geração, como podemos ver no grupo da Escola de Bandolins Dona Petinha, trabalho iniciado a partir de uma oficina de educação patrimonial realizada pela Secretaria Municipal de Educação de Oeiras e Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Oeiras e que levou à criação do núcleo de cultura da Escola Lourenço Barbosa, que hoje integram o projeto da escola de bandolins revitalizada no Sobrado Major Selemérico pelo secretário de cultura do estado Fábio Novo, um parceiro importante do município na valorização de nossa cultura.
Tantos homens e mulheres que trabalharam pelo desenvolvimento de Oeiras no campo político, quero aqui homenagear todos em nome do meu tio B.Sá, uma grande liderança que muito tem lutado ao longo de sua vida por uma Oeiras melhor. Ao ex-prefeito Lukano Sá, grande gestor que nos antecedeu. Reconhecemos ainda o empenho do nosso governador Wellington Dias, também ilustre oeirense que muito nos orgulha. Quero agradecer também o trabalho incansável do senador Ciro Nogueira, um amigo de nossa terra e dos deputados federais Mainha e Iracema Portela, bem como do deputado estadual Bessah, em nome desses cidadãos ilustres do nosso estado, homenageamos todos os políticos que trabalharam e trabalham pela terra-mãe do Piauí.
Mas, quero aqui dizer a todos os presentes que, o que comemoramos mesmo ao logo desse ano, é o que Oeiras tem de melhor: O seu povo! A sua gente! Quem vive e convive com a cidade no seu cotidiano. Quem produz na zona rural com todas as adversidades, quem está nas escolas educando nossas crianças e conseguiram elevar o IDEB da nossa rede municipal, ficando abaixo somente da capital Teresina. Nossos artistas e historiadores que contam e recontam essa história secular tornando-a viva.
Viva os trezentos anos de história construída sob as bênçãos de Nossa Senhora da Vitória, padroeira de Oeiras e do Estado do Piauí!
Assim, finalizo minhas palavras, conclamando a todos os oeirenses a contribuírem com essa Oeiras de amanhã. Continuar a escrever essa história é nossa missão e desafio, sobretudo em mundo de incertezas e crises.
É preciso a união de todos para a construção de uma Oeiras digna e humana, para que as gerações futuras, possam também cantar e se orgulhar da história que nós continuaremos a escrever.
Em nome do povo de Oeiras, agradeço a esta Casa do Povo pela homenagem a nossa amada terra!
“Oeiras invicta tu sempre serás, oh terra bendita de amor e de paz!”
Muito obrigado!
José Raimundo de Sá Lopes