Oeiras recebe pela primeira vez a Caravana Dança + Piauí com a bailarina e coreógrafa Luzia Amélia. Dentro da caravana vão acontecer uma oficina de dança e dois espetáculos – A LUZIA e BAIXA DA ÉGUA. As apresentações acontecem no Cine Teatro Oeiras, nos dias 26 e 27 de setembro, às 20h, com entrada franca. Classificação indicativa: 18 anos.
A oficina de dança é direcionada a pessoas maiores de 14 anos e acontece no dia 27, no turno da manhã. Inscrições na Secretaria Municipal de Cultura e Turismo.
A LUZIA
Luzia era uma mulher baixa, de apenas 1,50 metro de altura. Não sabia plantar um pé de alface sequer e vivia do que a natureza agreste da região lhe oferecia. Na maioria das vezes se contentava com os frutos das árvores baixas e retorcidas, uns coquinhos de palmeira, tubérculos e folhagens. Em ocasiões especiais, dividia com seus companheiros um pedaço de carne de algum animal que conseguiam caçar. Eram tempos difíceis aqueles e Luzia morreu jovem. Foi provavelmente vítima de um acidente, ou do ataque de um animal.
O corpo ficou jogado numa caverna, enquanto o grupo seguia em sua marcha errante pelo cerrado mineiro. Durante 11.500 anos, Luzia permaneceu num buraco, coberta por quase 13 metros de detritos minerais. Agora, passados mais de 100 séculos, a mais antiga brasileira está emergindo das profundezas de um sítio arqueológico para a notoriedade do mundo científico.
Desenterrado em 1975, o crânio de Luzia é o mais antigo fóssil humano já encontrado nas Américas. Transportado de Minas Gerais para o Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, permaneceu anos esquecido entre caixas e refugos do acervo da instituição. Foi ali que o arqueólogo Walter Neves, da Universidade de São Paulo, USP, o encontrou alguns anos atrás. Ao estudá-lo, fez descobertas surpreendentes: os traços anatômicos de Luzia nada tinham em comum com o de nenhum outro habitante conhecido do continente americano, a medição dos ossos revelou um queixo proeminente, crânio estreito e longo e faces estreitas e curtas. De onde teria vindo Luzia?
Seria ela remanescente de um povo extinto, que ocupou a América há milhares e milhares de anos e acabou dizimado em guerras ou catástrofes naturais? A hipótese de Walter Neves acaba de ser reforçada por um trabalho feito na Universidade de Manchester, na Inglaterra. Com a ajuda de alguns dos mais avançados recursos tecnológicos, os cientistas ingleses reconstituíram pela primeira vez a fisionomia de Luzia.
O resultado é uma mulher com feições nitidamente negróides, de nariz largo, olhos arredondados, queixo e lábios salientes. São características que a fazem muito mais parecida com os habitantes de algumas regiões da África e da Oceania do que com os atuais índios brasileiros.
BAIXA DA ÉGUA
Segundo o dicionário informal: Baixa da Égua é um local distante, geograficamente desconhecido, para onde não se deseja ir e para onde outra pessoa que lhe atormenta deve ser mandada.
Na cidade de Teresina, existe um lugar conhecido como Baixa da Égua. Segundo o relato de moradores antigos antes era um espaço de movimentos de compra, venda e trocas de alimentos que eram conduzidos nos lombos de éguas. Eram éguas que transportavam de tudo, carnes, grãos, tecidos, restos, mantimentos, ao tempo que carregavam coisas tangíveis, carregavam igualmente coisas intangíveis como histórias, acontecimentos, cimentavam costumes, jeitos, improvisos… Aconteceu que durante uma chuva bem forte, muitas águas escorreram e arrastaram uma égua que estava prestes a parir, a égua caiu dentro de um buraco e por lá mesmo ficou, sofreu… Estrebuchou… Até morrer… Apodreceu… Inchou… Explodiu! O lugar que antes era anônimo se transformou em Baixa da Égua.
Foi partindo do lugar geográfico chamado por esse nome em Teresina, que encontramos questões mais amplas para a dança contemporânea que insistimos em fazer, como as questões de continuidade e descontinuidades que aparecem nas rupturas de paradigmas instaurados no mundo, na dança e no corpo. Em Baixa da Égua entram na cena corpos grotescos, corpos éguas, carregadoras, corpos que constroem dinâmicas singulares: como insistentes galopes, batidas, rolamentos, dobras, exaustão, suspiros, suspensões, coerentes com a proposição investigada. Corpos que andam e dançam de quatro, corpos não rítmicos que se entrelaçam como acontecimentos engendradores de cultura e singularidades de relações corpo/espaço criando estratégias de conhecimento do passado não apenas dos lugares, mas de corpos.
Ficha Técnica:
Concepção, direção e coreografia: Luzia Amélia
Interpretes: Drika Monteiro e Luzia Amélia
SERVIÇO:
DATA: 26 e 27/setembro
LOCAL: Cine Teatro de Oeiras
HORÁRIO: 20:00 H
CLASSIFICAÇÃO: 18 ANOS