No Dia do Folclore, conheça as principais lendas de Oeiras

O Folclore é um gênero de Cultura de origem popular. Representa a identidade social de um povo ou de uma comunidade, através de atividades culturais ou histórias que perduram com o tempo e atravessam gerações. As lendas são narrativas transmitidas pela tradição oral, que muitas vezes misturam elementos reais e fictícios e ajudam a contar a história de um povo ou lugar. Iremos conhecer a seguir algumas lendas que ajudam a contar a história de Oeiras e do seu povo.

Ilustrações: Evandro Veras

PÉ DE DEUS E DO DIABO

Essa lenda retrata uma possível passagem de Jesus nas terras onde hoje está localizada a cidade de Oeiras. Não só ele, mas que também o demônio estaria a persegui-lo na passagem pelos sertões de dentro do Piauí. A tradição nos conta que no alto do Rosário, fixada em um lajeiro está a pegada que seria do próprio filho de Deus. Logo em seguida, também fixada no lajeiro está o que seria a pegada do demônio que estaria perseguindo Jesus. Onde está marcado o pé de Cristo se acende velas, deposita-se flores e se faz orações e no pé do tinhoso se atira pedras como sinal protesto e rejeição.

A LENDA DA VACA MOCHA

É possível imaginar que um animal seja tão querido pelo povo de uma região ao ponto de dar nome à aquele torrão? Pois bem, a tradição nos conta que foi isso que aconteceu na cidade de Oeiras. Segundo a lenda, o desbravador Domingos Afonso Mafrense que instalou a Fazenda Cabrobó nas terras onde hoje está localizada a cidade de Oeiras, tinha entre a sua criação bovina uma preferida. Uma vaca leiteira, muito mansa e dócil, que costumava beber água nas águas de um riacho da cidade. A vaca que não tinha chifres e por isso era chamada de “mocha”, encantava a todos que habitavam a região. Em homenagem ao animal o Riacho que a vaca costumava beber foi batizado com Rio Mocha (Riacho Mocha) e posteriormente a fazenda foi elevada a condição de Vila, passa a se chamar Vila da Mocha

CARNEIRINHO DE OURO E SERPENTE DO MORRO DO LEME

Um todo mundo quer encontrar e a outra todo mundo morrer de medo de um possível encontro. Essas duas lendas tem como ponto de referência o Morro do Leme, localizado nas proximidades dos bairros Oeiras Nova e Jureminha. O carneirinho de ouro seria um carneiro dourado com uma estrela de brilhantes na testa. O animal costuma atravessar do Morro do Leme ao Morro da Sociedade altas horas da madrugada. A tradição nos conta que aquele que conseguir pegar o carneirinho ficaria muito rico. Reza a lenda que o carneiro é protegido por uma serpente gigante, reluzente e que também habita no Morro do Leme. Alguns juram de pés juntos já terem visto o carneiro, outros afirmam que já viram os olhos vermelhos da tal serpente em uma das cavidades do Morro do Leme.

A SANTA DO PESCOÇO FINO

Na Rua do Fogo, em Oeiras, estaria enterrada a imagem de uma Santa. A curiosidade sobre a imagem é de que essa santa teria o pescoço bem fino. Pode-se dizer que a cabeça está presa ao corpo por um fio.

Ninguém sabe quem colocou ela lá, nem de onde ela veio e muito menos porque o pescoço dela é tão fino. O que se sabe é que no dia que alguém quebrar o pescoço da santa, aa cidade de Oeiras será consumida pelo fogo. Diz a lenda que quanto mais se passa pela rua do fogo, mais o pescoço da santa afina. Sufoco mesmo é no dia da procissão do fogaréu, onde milhares de homens passam pela rua e ainda carregando tochas.

MÃOZINHA NEGRA

A lenda nos conta que um velho feiticeiro teria decepado sua própria mão em um ritual de magia, na Vila da Mocha (atualmente cidade de Oeiras). O feiticeiro que era negro estava cansado das crueldades praticadas contra o povo africano que foi trazido para o Brasil e escravizado. O ritual teria lhe custado a vida, mas em troca a mãozinha negra se tornou uma entidade poderosa e vingativa que ataca homens e mulheres de cor branca. Muitos acreditam que a mãozinha não se mostra constantemente em nossa região porque ela roda o Brasil punindo casos de racismo.

O HOMEM DO CARCARÁ

Em meados de 1939, um jovem fugia do Ceará após tirar a virgindade de uma moça e o pai desta mandar capangas para o perseguir. Mesmo com a intenção de casar, o ignorante fazendeiro já tinha ordenado aos seus empregados a sua morte. O rapaz fugiu, mas os capangas vieram no seu encalço. Na ladeira do Carcará, a 5 km de Oeiras, finalmente o alcançaram. O homem, que acreditavam se chamar Manoel Messias, teve os olhos perfurados, as orelhas cortadas e os genitais mutilados. Os populares encontraram seu corpo algum tempo depois e lhe enterraram ali mesmo. Dado ao pesado martírio que sofreu, a população passou a venerá-lo como santo. Muitos aflitos recorrem ao Homem do Carcará, fazem preces e pedem intervenções miraculosas.

BALEIA NA IGREJA DA CONCEIÇÃO

Abaixo de onde é construída a igreja de Nossa Senhora da Conceição dorme uma baleia de tamanho inimaginável e graças a esse “monstro”, o ponto histórico passa por constantes restaurações. Essa é a possível explicação para tantas rachaduras nas paredes da igreja. E caso a baleia acorde, a cidade de Oeiras se acaba em água.

 

Jeremias Santos – Acadêmico de Jornalismo

Estagiário na Secretaria Municipal de Cultura e Turismo